Jogos Olímpicos da Juventude. Ou da injustiça??

29/04/2014 10:44


Quem dera Naná e Gabi fossem a Nanjing...

De 16 a 28 de Agosto vão rolar, em Nanjing (ou Nanquim, como queiram), na China, os II Jogos Olímpicos da Juventude, que devem reunir mais ou menos 3500 atletas - nascidos a partir de 1996 - do mundo todo. Claro que a natação se fará presente e vai acontecer no Centro Olímpico, de 17 a 22 de Agosto. A CBDA, em boletim publicado já no ano passado, publicou que a FINA determinou que, pelo fato do Brasil ter sido Top-16 no Mundial de Barcelona, que terá direito a convocar quatro atletas de cada sexo, dois por prova, desde que possuam o índice A de qualificação da FINA, e, também, que obtiverem o melhor índice técnico nesta tabela da CBDA.

Eu, sinceramente, fiquei meio aborrecido: só OITO ATLETAS vamos levar?? O Brasil tem nadadores da nova geração que tem tudo, mas tudo mesmo, para brilharem lá fora. Mas limitar o número de atletas ao mínimo é, para mim, mesmo levando grandes nomes (já coloque no balaio Matheus Santana, Luiz Altamir, Brandonn Pierry e Natalia de Luccas), deixar de fora outros que lutam pelo seu lugar ao sol e, diga-se, são excelentes atletas.

Quem me levantou esta questão foi Ângela Almeida, professora e mãe de nossa "sócia" Nathalia Almeida (Flamengo), que recentemente sagrou-se campeã brasileira dos 200 medley no Troféu Maria Lenk, em prova vencida pela Iron Lady Katinka Hosszu (Corinthians). Os 2:18.39 que ela, Naná, fez, por exemplo, estão abaixo - e muito - dos 2:26.43 do índice estipulado para os Jogos. Outra "sócia" nossa, Gabriele Roncatto (Pinheiros), que chegou em quarto no geral e se sagrou vice-campeã brasileira da modalidade, fez 2:18.84 e 2:39.93 nas eliminatórias dos 200 peito (também abaixo do índice de 2:40.60). Entretanto, é bem mais fácil Gabi se classificar para Nanjing do que Naná, segundo me contou Dona Ângela.

Ela nos disse que nas provas de fundo livre é muito, mas muito mais fácil alguém fazer o índice estipulado. Brandonn fez 8:10.83, por exemplo, nos 800 livre, cujo índice era 8:22.84, e Altamir, 4:00.68, um segundo cravado abaixo do índice dos 400 livre, comprovando o que ela disse. Esses tem bem mais chances. E concordo plenamente com Dona Ângela num ponto ao qual ela falou em conversa comigo e com nosso leitor e amigo Gustavo Cardoso: se porventura os jovens não conseguirem vaga para as Olimpíadas da Juventude, eles poderiam ser bem mais aproveitados na Copa do Mundo FINA de piscina curta, até como um laboratório de aprendizado para as futuras competições. Gustavo também citou a experiência feita pela Confederação Brasileira de Judô, que transformou o Brasil numa das potências do esporte marcial do caminho suave porque esta investiu mandando atletas para competições internacionais. Outra questão é trabalhar bem o psicológico dos atletas mais novos, para que eles consigam resultados bem melhores do que os apresentados recentemente.

Eu gostaria de citar também o exemplo da USA Swimming, que convoca várias clínicas para os nadadores juvenis e juniores e trabalha muito o psicológico e o treinamento dos futuros campeões. É dali que saem os bons. Quem dera a CBDA fizesse isso mais que uma vez por ano.

Em resumo: vai ser difícil concordar com a convocação da CBDA depois do Brasileiro Júnior e Sênior do Rio, daqui a uma semana. Mesmo com bons resultados apresentados na Mais Bela Piscina do Mundo, alguns dos melhores poderão não ir. Aguardemos os próximos capítulos.

FLÁVIO BARBOSA (quando seremos uma potência das águas?? - agradecimentos a Ângela Almeida e Gustavo Cardoso pela pauta)