MUNDIAL DE DOHA: Sambando e ruleiando!

04/12/2014 15:47

Imagem da Transmissão Oficial

O dia 4 de Dezembro tem que ser considerado feriado nacional para a natação brasileira. Nunca, jamais, em hipótese alguma, em momento algum da nossa história, o Brasil faturou TRÊS ouros em Mundial da FINA, contando piscina olímpica e curta, inclusive. Também nunca jamais o Brasil liderou quadro de medalhas em Mundiais. E, enfim, nunca nenhuma nadadora brasileira tinha medalhado em Mundiais da FINA, quanto mais levado ouro. Pois tudo isso aconteceu HOJE, senhoras e senhores, no segundo dia do MUNDIAL DE PISCINA CURTA DE DOHA (QAT). O Brasil faturou dois revezamentos 4 x 50 medley e os 100 peito. É, juntamente com a Espanha (ou, por que não dizer, Mireia Belmonte), líder do quadro de medalhas. E tivemos as três primeiras medalhistas femininas da nossa natação. Um dia para ser eternamente lembrado. Vamos pela ordem dos fatos...

Imagem de Satiro Sodré

4 x 50 MEDLEY MASCULINO: RECORDE MUNDIAL
É pra lamentar que o revezamento 4 x 50 medley não seja (ainda) prova olímpica, porque o Brasil está numa fase explosiva. O quarteto de Guilherme Guido (Pinheiros, costas, 23.42), Felipe França (Corinthians, peito, 25.33), Nicholas dos Santos (Unisanta/Auburn, borboleta, 21.68) e ELE (César Cielo, Minas/Arizona, livre, 20.08) confirmou todas as previsões e não só faturou o nosso primeiro ouro da jornada como foi RECORDE MUNDIAL com o tempaço de 1:30.51. E por terem levado o Brasil à final, Henrique Martins (Minas), João de Lucca (Pinheiros/North Carolina) e João Luiz Gomes Júnior (Pinheiros) também levarão sua medalha de ouro, pelas regras da FINA. A França, com um inspirado Florent Manaudou então fazendo o melhor tempo do ano nos 50 livre, 20.04 (que nem seria contado porque o carrasco fechou o revezamento), fez, com 1:31.25, só o suficiente para tirar a prata dos EUA na reta final, ficando os Yankees com o bronze após 1:31.83. Para Guido, a convivência, congruência e amizade foram os segredos: "Nós nos conhecemos desde os sete anos. Chegar a esse nível e bater recorde é muito gratificante para nós".

Imagem do SporTV

100 PEITO: O DIA ERA DELE
Mas a apoteose do Nadador de Cristo Felipe França ainda só estava começando. Todos esperavam que ele disputaria uma medalha nos 100 peito, visto que nas eliminatórias e semifinais de ontem ele se controlou, sem se assustar com os tempos dos adversários, sobretudo Adam Peaty (GBR), então RC com 56.43. Mas quando ele começa, ninguém pode parar. Cameron Van Der Bergh (AFS) até tentou acompanhá-lo em três piscinas, porém se cansou. Adam dominou duas. Não adiantou: França sambou com 56.29, novo RC, e comprovou que a mudança de time só lhe fez bem. Ao britânico, restou a prata com um tempo bem melhor do que seu antigo recorde, 56.35, com Giacomo Perez-Dortona (FRA) completando o pódio com 56.78. "Fico muito feliz por se tratar de uma prova olímpica. Treino para ela para chegar ao ouro em 2016", comemorou. Mas ainda tinha mais...

Imagem da transmissão oficial

4 x 50 MEDLEY MISTO: A HISTÓRIA É FEITA
Mais uma vez: era esperada uma medalha, de qualquer cor servia, para o forte revezamento misto formado por Etiene Medeiros (SESI), Felipe, Nicholas e Larissa Martins Oliveira (Pinheiros). Mas Deus quis que a história fosse feita. E com 1:37.26 (somando os 25.83, novo Recorde Sul-Americano, de Etiene, os 25.45 de França, os 21.81 de Nicholas e os 24.17 de Larissa), não apenas faturamos os terceiro ouro. A pernambucana, a juizforana e Daiane Becker (Curitibano) são as primeiras brasileiras a ganharem uma medalha em Mundiais de Natação, e logo de ouro. João e Henrique Rodrigues (Pinheiros) também faturaram seus ouros por ajudar no resultado nadando com Daiane e Etiene pela manhã. Com tudo isso, igualamos os Mundiais de 1995 (no Rio) e 2010 (em Dubai) com três ouros, empatando na liderança com a Espanha. E a tendência é subir!

"O ZOTRO"
Bem, o peso do revezamento 4 x 50 foi forte demais para Guilherme Guido (Pinheiros) nos 100 costas. Ele se cansou e ficou apenas com o quinto tempo, ao lado do alemão Christian Diener (ALE), em prova vencida pelo favorito Mitchell Larkin (AUS), com 49.57. Zebra foi a medalha de prata: o polonês Radoslaw Kawecki, que não estava em nenhuma lista de favoritos, mas fez 50.11. Esperemos que ele compense nos 50 costas.

Já na versão feminina, Katinka Hosszu (HUN) finalmente se deu bem, com seu primeiro WR: 55.03. Já Etiene Medeiros não conseguiu encaixar seu melhor nado, ficando na sétima posição com 57.72.

Nos 100 borboleta deles, Marcos Macedo (Minas) foi vencido pelo nervosismo, ficando em oitavo com 50.47, Chad Le Clos (AFS), o cara, mostrou porque ganhou o prêmio da FINA de melhor nadador de 2014: WR, 48.44. Em compensação, nos 50 borboleta delas, Daynara de Paula (SESI) foi bem: sexto melhor tempo, 25.54. Daiene Dias (Botafogo) só terminou em décimo segundo, com 25.92.

Nos 100 livre delas, Larissa tentou. Conseguiu recorde sul-americano, 52.75. Mas não foi o suficiente para a final: foi a décima colocada. No 4 x 200 livre, o Brasil até que foi bem com João de Lucca (1:41.85, RSA), Fernando Santos (Corinthians), Gustavo Godoy (Corinthians) e Gabriel Ogawa (Pinheiros), com RSA de 6:54.53 e o sexto lugar. A chegada foi forte: os EUA tiraram na última piscina o ouro italiano: 6:51.68 contra 6:51.80, graças à Ryan Lochte.

Nos dois grandes duelos, placares diferentes: Mireia Belmonte (ESP) está goleando Katinka Hosszu. Hoje ela venceu os 800 livre, 8:03.41, enquanto a Iron Lady (a zicamos?) foi só a nona. Por sua vez, Cielo virou sobre Manaudou: na semifinal dos 50 livre (20.80 x 20.93). Mas ELE alertou: Manaudou pode vir engasgado amanhã, para uma final cheia de pólvora, que ainda tem Vlad Morozov (RUS) entre eles, com 20.88.

Por fim, Ruta Meilutyte, a que nada muito, venceu os 50 peito.

Amanhã vamos ter mais adrenalina em Doha. Destaco a final dos 50 livre, nem preciso repetir por quê.

FLÁVIO BARBOSA (chorando litros - informações do Best Swimming, fotos de Satiro Sodré e da transmisão oficial)