NANJING 2014: O dia do "quase"

20/08/2014 08:45

"Eu nunca tinha ouvido falar desse chinês". Foram estas as primeiras palavras de Matheus Santana (Unisanta - foto) após ser "surpreendido novamente" por Yu Hexin (CHN), que, não apenas faturou o ouro nos 50 livre nos JOGOS OLÍMPICOS DA JUVENTUDE em Nanjing, como, com 22 cravados, bateu seu próprio Recorde Mundial Júnior, que tinha sido os 22.04 de ontem. Santana, que era o maior favorito desta prova até a semifinal, saiu com a prata, com 22.43. Dylan Carter (TTO) completou o pódio, com seu melhor tempo pessoal, 22.53.

Como ontem falamos, nem o chinês mais otimista esperava alguma coisa de Hexin. Existem algumas desconfianças sobre este nadador. Falam que ele nasceu em 1995 (quando, no máximo, os Jogos da Juventude são para nascidos desde o primeiro segundo de 1996), quando ele foi registrado como nascido no primeiro dia de 1996. Seu melhor tempo antes de Nanjing foram os 22.86 dos Jogos da China. E existem ainda as sombras do doping que rondou a natação chinesa nos anos 90. Por isso, muita gente ainda desconfia de Hexin, inclusive este repórter. Mas, só o tempo dirá se as desconfianças são certeiras.

Ao Capta Esporte, que está em Nanjing cobrindo os Jogos da Juventude, Márcio Latuf, técnico de Santana e head coach da Unisanta, diz que amanhã (lá, hoje à noite aqui), Matheus mostrará enfim ao que veio, nos 100 livre: "hoje ele está chateado, mas amanhã será a prova dele. Confio que consiga chegar aos 47 com novo recorde", disse. Nós também, Latuf. Nós também.

OUTROS QUASES
Nos 50 costas deles, Vitor Guaraldo (Pinheiros) sentiu o nervosismo e passou longe do pódio (ah, se ele repetisse o quase-recorde do Brasileiro Júnior e Sênior do Rio), ficando em sexto lugar com 25.85. O vitorioso foi Evgeny Rilov (RUS), que ainda bateu o Recorde Mundial Júnior, com 25.09.

Nos 50 borboleta delas, só Giovanna Diamante (SESI) não nadou abaixo do 27. Oitavo lugar, com 27.40, seu melhor tempo antes de Nanjing. A vitória coube a outra russa, Rosaliya Nasretdinova, com 26.26.

Outro que chegou na oitava posição foi Andreas Mickosz (Corinthians), com 2:17.17, nos 200 peito. Ele até começou bem, mesmo largando da raia 1. Mas se cansou. Outro que sentiu o peso foi o venezuelano Carlos Claverie, que dominava a prova até a piscina final, quando, nos últimos metros, foi superado por Ippei Watanabe (JAP): 2:11.31 contra 2:11.74 do sulamericano.

Na semifinal dos 50 costas, Natalia de Luccas (Corinthians) também não superou o nervosismo e, com o sexto lugar na sua série semifinal e décimo lugar overall (29.40), não irá à final amanhã. A mais rápida foi Gabriele Fa'amausli (NZL), com 28.78.

Apesar de tudo isso, o Brasil conseguiu superar o número de finais de Singapura: em 2010, oito finais. Agora, nove e contando. Ou seja, evolução sensacional da nossa natação.

ERRO FATAL
Uma bobeira do responsável pelos cortes na natação brasileira custou caro, muito caro, para o Brasil. Hoje, poderíamos também celebrar um espetacular resultado do nosso revezamento 4 x 100 medley masculino, com Guaraldo, Santana, Mickosz e Luiz Altamir Mello (Flamengo), que, segundo o Mestre Alex Pussieldi, era, no papel, nosso melhor revezamento.

Mas, não foi assim. O Brasil foi impedido de nadar sua eliminatória (a primeira, na R-A-I-A Q-U-A-T-R-O), porque, segundo a arbitragem, na hora dos cortes, o responsável colocou que ESTE REVEZAMENTO fora cortado.

Não adiantaram os protestos do COB, mesmo com a chefe da delegação, Adriana Behar (medalhista de ouro no vôlei de praia em 1996), insistindo que foi um erro, que podia ser consertado, etc. Mas não deu. A comandante da arbitragem, a norte-americana Carol Zaleski, manteve a desclassificação brasileira.

Triste, muito triste, para um revezamento que, de certeza, daria uma medalha pra gente. Se eu fosse responsável pela delegação brasileira, em solidariedade a eles, retirava todos os nossos revezas da competição. Ou, então, pediria para eles nadarem mais lentamente, de boca fechada. Ou, no medley misto, todos nadariam em estilos diferentes.

Sabemos que isso não vai acontecer, mas que foi uma grande vergonha contra a natação brasileira, que comprova que a corda sempre arrebenta para o lado mais fraco (imagina se fosse EUA, Austrália, Japão...), isso foi. Pobres dos nossos representantes.

DESPEDIDA DE OURO
Mas, claro, não podia deixar de falar da lituana... nada muito essa Ruta Meilutyte! Hoje, ela se despediu de Nanjing com mais uma vitória na prova da qual ela domina, os 100 peito. 1:05.39 e mais um banho de bola, com uma imeeeeeeeeensa diferença de 2.10 pra chinesa Yun He.

Agora, conforme o combinado com o COI, ela deixa Nanjing rumo a Berlim, onde já está acontecendo o Europeu de Natação, onde ela vai tentar ganhar o único título que lhe falta, os 50 peito europeu. Vocês acham que ela não consegue?

AMANHÃ (OU HOJE) TEM MAIS
Hora da programação do penúltimo (jááááá?) dia da natação em Nanjing. Nos 800 livre coloque "W", de Weak, para as séries fracas e "S", de Strong, para a série forte:

ELIMINATÓRIAS

Na China Em Brasília Prova BR
10:00 23:00 50 livre F Nenhuma
10:12 23:12 100 livre M Matheus Santana (elim 5, raia 4)
10:23 23:23 100 borbo F Giovanna Diamante (elim 3, raia 3)
10:33 23:33 50 peito M Andreas Mickosz (elim 3, raia 6)
10:42 23:42 4 x 100 med F Elim 1, raia 4
10:53 23:53 800 livre M (W) Nenhum

 

FINAIS (amanhã lá, depois de amanhã cá)

Na China Em Brasília Prova BR
18:00 07:00 800 livre M (S) Nenhum
18:11 07:11 100 borbo F (S) A confirmar
18:19 07:19 100 livre M (S) Matheus Santana (claro!)
18:27 07:27 50 livre F (S) Nenhuma
18:42 07:42 50 borboleta M (F) Nenhum
18:46 07:46 50 costas F (F) Nenhuma
18:50 07:50 50 peito M (M) A confirmar
19:05 08:05 4 x 100 med F (F) Se não tiver erro...

Vamos continuar na torcida, mas o problema é que vai começar o Pan-Pacífico, e teremos de dividir a atenção...

FLÁVIO BARBOSA (vamos parar com esse negócio de segundo lugar é o primeiro perdedor, vamo? - informações da CBDA, do Capta Esporte, do Best Swimming e foto da transmissão oficial via SporTV)