Natação: a dor e a delícia
Caetano Veloso disse certa vez que "cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é". E os nadadores sabem muito bem disso. Existem as dores de cada treino e as delícias da amizade e do carinho com todos os seus companheiros e rivais. Dentro e fora das quatro bordas, muitos são os sacrifícios, como também muitas são as recompensas. Além de tudo isso, a natação - como todo esporte - forma o caráter de qualquer ser humano.
Hoje, trago-lhes um texto escrito pela nadadora Isabella Vicente (a quem chamamos de Fênix), do Vila Olímpica de Goiânia (GO), demonstrando na sua rede social, talvez em nome de todos os nadadores, o seu sentimento e agradecimento por ser parte deste esporte chamado natação. Importante lembrar: ela passou por muitos problemas, mas voltou e quer continuar por muito tempo nas águas mostrando que é uma vitoriosa. Leiam:
"Várias pessoas já me perguntaram se eu gosto tanto assim de nadar, todo atleta já se deparou com essa pergunta, afinal, a vida dele é um sacrifício se pararmos pra refletir, mas sacrifício até que ponto?! Até que ponto medimos esforços para algo que amamos? Olha, realmente, é difícil pra caramba não comer sempre o que quer, é difícil sentir dor, é difícil sacrificar tantas coisas que só nós sabemos porque talvez aquilo ali nos atrapalhe no treino do dia seguinte ou não colabore pra melhora de um tempo, tanta coisa é difícil, o esporte em si, não só o nosso, mas qualquer um que seja, é difícil.
Penso que dificuldade até certo ponto porque só quem já nadou sabe o que significa alguns segundos a menos na placa quando você bate quase morrendo, o que significa a dieta, o que significa seu técnico te esculachando porque não tá fazendo o melhor no treino, só um nadador sabe o que é nadar. Nadar é não ser o melhor por muitas vezes, mas dar o melhor, dar o melhor e se entregar. É mais do que "sacrificar" as tardes numa piscina ou os finais de semana, é estar preparado para o pior, é se cobrar constantemente, é ser feliz com dores, é levantar a cabeça mesmo fazendo um tempo lixo, é apenas saber que amanhã é uma nova oportunidade de você ser melhor e dar o seu melhor. Eu não treino pro brasileiro ou pro goiano, ou pro Mococa, eu treino pra minha vida.
Eu sei que quando eu for fazer um vestibular ou coisa do tipo, eu vou estar nervosa, mas cara, por quantos balizamentos com cavalas maiores que eu e aparentemente melhores que eu, já passei? Eu aprendi tanta coisa com a natação em tão pouco tempo, eu me apaixonei de um jeito que ninguém a tira de mim, eu me sacrifico por isso, eu sinto dores por isso, eu vivo para isso também, mas eu aprendo todos os dias com isso, e eu amo o que eu faço, quando se ama, não há limites. Não sou a melhor, e talvez nunca seja, mas dar o meu melhor é o mais importante pra mim, e eu demorei a aprender isso, mas aprendi, e hoje eu só tenho a agradecer pela natação, porque sem ela, eu não sei como estaria".
ISABELLA VICENTE (nadadora e vitoriosa - texto vindo de seu Facebook)