Natação: definitivamente O ESPORTE DA AMIZADE!
Em dois anos cobrindo natação, tenho a certeza de que este é o melhor esporte do mundo. Porque seus atletas não pensam em si, mas nos outros, independente de que time forem. A rivalidade só existe dentro das quatro bordas ou do mar. Fora das provas, existe cordialidade. E amizades que duram a vida inteira!
Tomo como referência o texto de Beatriz Nantes no Blog da Swim Brasil, respondendo a um australiano que falou que natação era o pior esporte do mundo. É melhor que vocês leiam. É desnecessário repetir o que a parceira de Carolina Moncorvo falou no site.
Mas agora apresento outro exemplo de como a natação une as pessoas e como elas se ajudam. E mais uma vez quem nos ajuda é uma "sócia" nossa: Catarina Ganzeli, da Unisanta (foto acima, ao lado dos também cecilianos Rodrigo Correa e Caique Requena), que neste fim de semana disputou a terceira etapa do Campeonato Brasileiro de Maratona Aquática em Angra dos Reis. Ela não ganhou a prova. Mas é uma vencedora em tudo. E vai lhes demonstrar que os nadadores se ajudam nos momentos que precisam. E de que nunca houve e nem nunca haverá solidão na natação: existe UNIÃO. Existe EQUIPE! Senhoras e senhores, com a palavra, Catarina Ganzeli:
Muitas vezes nós, atletas de esportes individuais, perguntamos o porque de uma equipe? Os menos entendidos responderiam: "para deixar o treino mais competitivo, horas!". Até parece...
Sexta-feira (16/05), me deparei com uma dessas situações que a gente sente o poder que o significado de "equipe" pode exercer sobre nossos caminhos e escolhas. Eu tive uma competição na última semana, onde minha EQUIPE e eu (à princípio) iríamos, todos conduzidos por um dos integrantes, Victor Colonese, que infelizmente foi diagnosticado com dengue, na manhã do dia anterior à viagem. Logo, pedi gentilmente para meus pais, que iriam assistir a prova, darem uma carona, de São Paulo a Angra dos Reis-RJ, para mim e meus dois companheiros de equipe, como última opção de ida, para um local onde não tem aeroporto, nem ônibus direto. Tudo ficou rapidamente resolvido.
Naquela mesma noite, fiquei com o nariz meio cheio. Dei uns espirros, nada demais. No dia seguinte, meu corpo doía inteiro, estava morrendo de frio e ficava encolhida sem conseguir me esticar de tanta dor nas articulações, meu batimento cardíaco já pulsava na minha cabeça, meus olhos estavam inchados... eu já sabia que estava com febre e logo pensei "já era. não vou competir". Pensei em levantar várias vezes da cama, mas eu logo retornava e me cobria, até que chegou a hora do nosso treininho antes de viajar. Levei a mochila quase vazia e deixei o saco de material em casa para levar menos peso, me enchi de casacos e sai. Uma quadra andando, já mudei o rumo logo para a farmácia onde comprei uns antitérmicos e analgésicos. Fui até a piscina, nadei pouco mais da metade do que tinha que ter nadado e voltei para casa onde minha mala estava pronta e eu deitei, já tendo resolvido que não tinha mais como competir. Era só uma gripe forte com certeza, nada demais, ia passar, mas eu precisava de repouso.
Faltando 30 min para o ônibus em que pegaríamos carona sair, eu liguei para a empresa onde pego meu almoço e estava fechada. Logo conclui: "não é para eu ir mesmo." Mas aí eu pensei "meu, como os meninos vão fazer?! Meus pais iam ficar preocupados comigo e não iriam mais. Eles iam perder a prova, isso não pode..." E também sabia que "colo de mãe cura tudo" (risos) e poderia me ajudar muuuuito como sempre. Faltando 10 min para o ônibus sair, eu me descobri, levantei da cama, me troquei e fui. Me joguei no segundo banco do ônibus, contei como estava para algumas pessoas próximas para pelo menos alguém estar ciente, já que não podia contar para meus pais antes de entrarmos na estrada, pois como qualquer pai ou mãe normal eles desistiram logo da ideia de pegar uma viagem de 7h com seu filho doente, sem comer. Chegando no ponto de encontro, eu estava encapotada, pálida, com calafrios que me deixavam inquieta! Esperando ansiosamente ver o carro dos meus pais, que não demorou muito para aparecer. Eles me viram e se espantaram por eu não ter comentado nada de estar mal, eu só disse "não vou nadar, mas temos que ir, quero que cuidem de mim lá". E apaguei no banco de trás com meus dois parceiros nas próximas horas.
A viagem foi longa, cansativa, acabei com uma caixa de coristina e outra de ibuprofeno e perdemos o congresso técnico. Saímos de Santos os três as 11:30 e chegamos na pousada (após jantar no shopping) umas 23h. No dia seguinte não estava bem, mas estava um pouco melhor. Não tinha mais febre, apesar do corpo ainda abatido. Logo falei para os meus pais "vou largar e ver até onde eu chego, qualquer coisa que eu sentir eu prometo que eu paro". Tomamos café, nos arrumamos e fomos até o local da prova, fizemos a marcação ... aquecemos... fomos para a largada.
Sim, hoje eu sei que "água salgada cura tudo"! Não fiz uma prova a altura do que eu faria normalmente, tive ainda a companhia de adversárias que também ficaram muito aquém do que fazem normalmente, o que foi determinante para completar a prova, pois sozinha eu teria parado! Gosto de todos nadando junto no seu melhor, mas essa coincidência de mais pessoas não estarem num dia bom foi algo que me fez completar, e completar essa prova me fez ganhar o dia! Mais que isso, passei o resto do dia melhor do que eu tinha ido para a viagem e estou melhorando até hoje.
Moral da história: se esses dois meninos, que além de time são meus amigos, não fizessem parte da minha equipe, eu COM CERTEZA não teria nadado e eu COM CERTEZA teria perdido a oportunidade de nadar mais uma prova de 10km na minha vida em um lugar maravilhoso sem nem saber que era possível completar. Ou seja: às vezes a própria equipe nem sabe porque está ali, e mesmo assim ela está te puxando para o caminho certo pelo simples fato de existir. A ajuda é mútua e ambos tem mil razões para estar ali.
Então: obrigada, Rodrigo Correa e Caique Requena, por serem minha equipe nessa ocasião! Sem vocês eu perderia mais uma das muitas provas que já fiz, mas cada uma é especial independente do resultado. Sua equipe sempre será um pedacinho da sua história, mesmo que pequeno, um pedacinho de você, quer você queira ou não, você gostando ou não, eu tenho sorte de ser repleta de pessoas queridas do meu lado.
CATARINA GANZELI (nadadora da Unisanta, uma de nossas "sócias" e, mais do que nunca, uma vitoriosa! - texto e foto do Facebook dela)