Uma ideia para a CBDA

12/12/2013 16:30

"A competição foi planejada para parecer aos olhos do público como um grande espetáculo, um verdadeiro show. Terá músicas especiais de abertura e encerramento, programação visual cuidadosamente planejada por um especialista, um grande esquema de divulgação de resultados, além de sorteios de brindes como televisões portáteis em preto e branco e rádios AM/FM. Assim será o Troféu Brasil de Natação, que começa hoje no Parque Aquático Júlio de Lamare.

Nesta competição, a maior da natação brasileira, os dirigentes da Federação Aquática do Rio de Janeiro esperam um público recorde em suas promoções. No fim de semana, eles pretendem que nada menos de 10 mil pessoas compareçam para lotar as arquibancadas do Parque Aquático da Avenida Maracanã, pois atrações não faltam. Porque não existem apenas os cuidados com a criação de um espetáculo, mas ainda a preocupação em fazer o nadador se sentir o centro de tudo".

Pode parecer um sonho que eu tive numa madrugada antes de uma competição qualquer. Mas aconteceu. Estes foram os dois primeiros parágrafos da notícia que o Jornal do Brasil deu sobre o início do Troféu Brasil de Natação de 1980, que poderia não ter acontecido devido à não-liberação de verbas do Comitê Olímpico Brasileiro para a então CBN (Confederação Brasileira de Natação). Logo, a entidade conseguiu o apoio da FARJ e o patrocínio da Coca-Cola, de então Cr$ 560 mil. (alô, alô, patrocinadores!)

Com tudo isso, e na crescente que a natação brasileira estava alcançando naquela época (de Djan Madruga - que não foi, Rômulo Arantes, Maria Elisa Guimarães e etc.), isso bastou para transformar o evento num espetáculo atrativo de pessoas. Rogério Carneiro - então presidente da FARJ e pai do atual locutor oficial da CBDA, Rodolfo Carneiro - declarou ao JB que "nossos nadadores vão sentir-se como astros, pois haverá musica especial até para a premiação". Até o programa oficial do evento foi impresso em offset - o que era o luxo naquele início de década - e deu direito aos que o adquirirem a concorrer as TVs e aos rádios. A competição terminou com a vitória do Flamengo e de maneira épica: uma banda do Flamengo invadiu a piscina e faixas foram jogadas para o alto.

Bem, se passaram 33 anos - quase 34. A natação teve seus altos e baixos. O Troféu Brasil tornou-se Maria Lenk. Vieram Ricardo Prado, Gustavo Borges, Fernando Xuxa Scherer, ELE, a atual geração... e pelo jeito, as competições que vejo - mesmo aquelas transmitidas pelo SporTV - são, digamos, apenas isso. Competições, que passam e vão. Quando eu li este texto do Jornal do Brasil, pintou uma grande ideia que divulgo para a CBDA: por que não atrair o povo com um Troféu Maria Lenk - ou José Finkel, com sorteio de prêmios e tudo mais? E por que não uma competição com temas musicais próprios (e não falo de Smooth Criminal orquestrado, o tema instrumental de Los Angeles 1984, e etc.), tipo um tema para abrir os dias, para fechar os dias, antes de cada prova, quando tem recordes, premiações... e que tal cenografia profissional, com luzes dignas, tipo a dos Mundiais? Uma pequena cerimônia de abertura e outra de fecho, com bateria de escola de samba e queima de fogos no final?

Claro que é preciso que os patrocinadores também ajam. A natação brasileira está em ótima fase, se livrando da Cielodependência com ótimos atletas, mas eles precisam de mais apoio, de que se sintam bem competindo num torneio de alta classe. Afinal, não existe competição cheia dos gueri-gueri sem o principal: atletas, técnicos e povo.

Se eu fosse empresário ou burguesão tipo Bill Gates, investiria eu mesmo num evento de qualidade, como qualquer um da CBDA merecia. E tome-se por base o Europeu de Natação em Piscina Curta, que está acontecendo na Dinamarca, ao qual uma arena multi-uso tornou-se piscina, o que acho que seria uma grande ideia para economizar. Imprimiria balizamentos e guias como revistas. Faria uma licitação para ideias de premiação para o povo (tipo, por exemplo, um carro qualquer ou um XBox One) e para os atletas (uns 50 mil reais e bolsas para nadar e estudar na América, por exemplo, para os melhores índices técnicos e atletas mais eficientes). Chamaria músicos para compor temas instrumentais para o torneio. Um cenografista tipo Hans Donner (não o próprio, obviamente) para organizar luzes, efeitos, etc. E marcaria as finais para as 18 horas. Em céu aberto. Se tiver chuva, providenciaria um teto retrátil.

Mas eu não sou empresário. Não sou burguesão. Sou só um louco sonhador que quer pelo menos que a natação seja melhor divulgada. E seja um esporte mais popular. Como eu disse antes, a galera que vai para as arquibancadas ver natação é a da paz, ao contrário, infelizmente, dos torcedores de futebol. E os nadadores são pacatos (geralmente) e bem mais acessíveis que os milionários jogadores de futebol e seus iates, contas triliardárias, iates e etc.

Quem dera esse maluco poderia ver seu sonho realizado?

FLÁVIO BARBOSA